Sites Grátis no Comunidades.net Criar um Site Grátis Fantástico

PORTUGANTES



Total de visitas: 88564
Imigração - Um fenómeno intemporal


A imigração é, provavelmente, um dos fenómenos que mais marca a contemporaneidade. Alguns estados, especialmente os que não possuíam tradição neste domínio (países da Europa do Sul, sobretudo), têm tido dificuldades em lidar com o aumento desta realidade. No entanto, não parece que estes fluxos venham a diminuir.
Até finais dos anos 70 do século XX, os países economicamente mais desenvolvidos da Europa (como a Inglaterra, França, Alemanha) recrutavam a mão-de-obra de que necessitavam nos países europeus com economias mais débeis.
A integração destes imigrantes atingia níveis muito satisfatórios, fundamentalmente por duas razões: a primeira deve-se ao facto do padrão cultural em toda a Europa ser muito idêntico, não se registando grandes problemas de adaptação; o segundo motivo tem a ver com a forma como a imigração era vista: por esta altura, a imigração era tida como algo transitório, embora tal nem sempre acontecesse.
A partir dos anos 80, países que até apresentavam economias um pouco mais débeis, passaram a registar melhorias nas condições de vida das populações. As taxas de natalidade caiem e paralelamente assiste-se a um aumento significativo da esperança média de vida.
De países exportadores de mão de obra passaram a países importadores. Países como Portugal, Espanha ou Itália, que até há pouco tempo eram países fornecedores de mão-de-obra, continuam pouco habituados à recepção de imigrantes: Não é pois de estranhar que os respectivos Governos não tenham programas efectivos de integração destas populações.
Nas antigas colónias europeias ocorreu, nos anos 80, outro fenómeno importante: o empobrecimento generalizado das populações, que foi acompanhado de um forte surto demográfico.
Países inteiros, nomeadamente no continente africano, mergulharam em catástrofes colectivas, com guerras e fomes sem fim. A única alternativa que resta a milhões de pessoas destes continentes, como o africano, é emigrarem para países mais prósperos, procurando muitas vezes apoio nas suas antigas metrópoles.
A Europa vê-se então confrontada com uma nova fonte de recrutamento da sua mão-de-obra. Os novos imigrantes são agora provenientes de regiões do mundo com outros padrões culturais, em especial dos Países Islâmicos, onde as taxas de natalidade são elevadíssimas e a miséria atinge níveis insuportáveis.

Em França

A França começou a ser lentamente islamizada, em consequência de vagas sucessivas de novos imigrantes, nomeadamente das suas antigas colónias africanas, na sua maioria islâmicas. O número de muçulmanos em França não parou de aumentar. Os grandes valores republicanos com que a França facilmente integrava os imigrantes europeus (como foi o caso da grande comunidade portuguesa), começaram a não surtir efeito. A França começou então a ajustar as suas referências culturais a esta nova realidade. Do ensino oficial, por exemplo, foram sendo abolidas todas as referências à sua matriz cristã, de forma a não provocar qualquer reacção entre os muçulmanos. A custo, o Estado foi introduzindo medidas para conter a exteriorização das expressões culturais e religiosas religiosas dos novos imigrantes. A verdade é que uma larga franja da população muçulmana não só se manifesta avessa a uma completa integração social, como afirma que não se identifica com os valores republicanos e com a cultura francesa. A polémica em torno da proibição do véu nas escolas foi, neste contexto, um caso emblemático de um mal-estar generalizado. A França sonha neste momento com o afrancesamento do islamismo.
Os órgãos de informação estão centrados quase exclusivamente nas grandes problemáticas da modernização do Islamismo.

Em Espanha e Itália

Espanha e Itália representam duas situações particularmente dramáticas neste contexto. As taxas de natalidade dos naturais nestes países são tão baixas que as respectivas populações estão a ser lentamente substituídas por outras etnias estrangeiras, nomeadamente oriundas de países muçulmanos. A reposição de mão-de-obra é já feita à custa dos estrangeiros. Alguns cenários apontam para a dissolução dos espanhóis entre os povos do Magreb, o que, a acontecer, será uma curiosa ironia da História, num país que durante séculos se bateu pela limpeza de sangue. Não é por acaso que, face a este fenómeno, as manifestações racistas, nomeadamente contra os negros e os marroquinos, têm vindo a aumentar por toda a Espanha.

Em Portugal

Portugal padece do mesmo problema de Espanha e Itália, do envelhecimento da população. Se até ao momento parece não ter dificuldades em integrar a comunidade muçulmana (cerca de 34 mil indivíduos), não deixa de as ter com os imigrantes de origem africana. Uma larga percentagem dos filhos destes imigrantes está longe de se sentir identificada com a cultura portuguesa. Esta questão é agravada pelas deficientes condições em que continuam a viver milhares de imigrantes. A exclusão social de muitos destes imigrantes e dos seus descendentes é um dado incontornável em toda esta questão.


Na Alemanha e Suiça

Estes países levaram até ás últimas consequências o modelo de segregação, impondo uma clara separação entre naturais e imigrantes. Estes últimos são mantidos à distância desde a sua chegada, sendo-lhes dito que não passam de mão-de-obra descartável sempre que a situação o exija. Apesar do elevado número de imigrantes turcos existentes na Alemanha, a verdade é que apenas uma pequena parte conseguiu naturalizar-se alemã e, mesmo neste caso, os imigrantes são sempre olhados como estrangeiros, intrusos numa sociedade a que não pertencem. Neste quadro, dificilmente um turco se pode identificar com a cultura alemã, sentindo-se cidadão alemão.
A Suíça foi ainda mais longe nesta política de divisão de culturas votando uma lei que impede a naturalização dos filhos dos imigrantes que há três gerações residem neste país. A questão nem era muito problemática quando se tratavam de imigrantes europeus, que regressavam aos seus países de origem, o que não parece ser opção para a maioria dos imigrantes que são oriundos de África, Ásia e América Latina. Acontece que o seu número não tem parado de aumentar, o que não tardará a provocar um aumento das tensões raciais nestes países.

Em Inglaterra e Holanda

Estes dois países adoptaram um modelo próprio de integração: cada imigrante pode ter os valores que quiser, viver como entender, praticar a sua religião, desde que não interfira na ordem instituída. Tudo isto em nome da tolerância e dos direitos do indivíduo. A verdade é que estas sociedades acabaram por entrar numa lógica segregacionista.
Nacionais para um lado, estrangeiros para o outro. Este modelo era facilmente mantido, enquanto o número de imigrantes não europeus era baixo. No entanto, a situação está hoje totalmente alterada.
Por toda a Inglaterra e Holanda proliferam guetos de imigrantes das mais diversas origens. Em resultado de fortes sentimentos de exclusão social irrompem com bastante frequência movimentos hostis à matriz cultural destes países. A dimensão atingida por estas comunidades é hoje dificilmente controlada pelos Estados. Muitas comunidades afirmam-se abertamente excluídas, não se identificando com a cultura destes países de acolhimento. A alternativa para resolver a situação – mantendo o modelo segregacionista – passa por reforçar os mecanismos de controlo de cada indivíduo (mais polícias, ficheiros, etc.).

Neste momento, a única coisa que podemos ter a certeza é que a imigração veio para ficar e irá mesmo aumentar. A grande questão é saber que modelo de integração deverá ser adoptado, respeitando sempre a dignidade de cada pessoa, independentemente da sua origem, religião ou condição social.

Para nós este é o princípio basilar que não pode ser esquecido.