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PORTUGANTES



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Estrangeiros no Interior de Portugal

A desertificação do Interior, que decorre da maior oferta e maior qualidade nas oportunidades existentes no Litoral, é um dos problemas mais graves e mais actual no nosso país!
Esta assimetria não é, obviamente, benéfica para Portugal, o que nos faz pensar nos aspectos positivos que poderá trazer a ocupação do interior por parte da população imigrante: a dinamização destas mesmas regiões que, se povoadas, podem ter um aproveitamento muito maior, relembre-se que, por norma, são regiões com uma grande beleza natural por explorar, para além da tranquilidade que oferecem.
Só parecem faltar-lhes alguns serviços essenciais, capazes de atrair as pessoas, mas que também só se conseguem se houver habitantes na região.
O principal senão seria uma possível descaracterização da nossa cultura, porque, muitas vezes, é em regiões deste tipo que se encontram as características mais enraizadas da cultura portuguesa.
Não podemos abordar este tema sem referir o caso com maior destaque em Portugal:
o caso de Vila de Rei, onde Irene Barata, a Presidente da Câmara de Vila de Rei, pretendia fixar no concelho, até 2008, cerca de 250 brasileiros, oriundos da cidade de Maringá, que tem excelentes relações e mantém contactos frequentes com a cidade de Leiria, graças à extensa comunidade portuguesa (e de Leiria, mais propriamente) que reside em
Indiferente às críticas que entretanto se levantaram, Irene Barata pretendia começar a inverter o problema da desertificação "importando" mão-de-obra qualificada para áreas onde o concelho está claramente deficitário. Estes estrangeiros teriam lugar assegurado em equipamentos de apoio à terceira idade ainda em construção.
A ideia consistia em fixar famílias com filhos em todo o concelho. Com alguma segurança, Irene Barata afirmava que "as famílias virão por três anos com possibilidade de outros três". Findo esse período, "conforme estipula a lei, poderão optar pela dupla nacionalidade".
Esta aposta estratégica pretendia um enorme crescimento, em dois anos, nos instrumentos de apoio à terceira idade. Na sede do concelho nasceria, de iniciativa privada, um centro de lazer e bem-estar, com 300 camas. No total de três obras, o investimento previa-se nos seis milhões de euros e abrangeria 440 camas. Para o normal funcionamento destes espaços, seriam precisas 280 pessoas que, segundo Irene Barata, "o concelho não tem"". Será pois "para cuidar dos idosos, e não para a construção dos lares"" que viriam os brasileiros, assegurava.
Em Vila de Rei, cada vez mais deserta, a iniciativa até foi encarada com algum optimismo. No entanto, o projecto começava a encontrar alguma resistência: "Se os portugueses já não têm muito para fazer, porque não há empregos, como é que se podem trazer estrangeiros?", comentava-se. A autarca Irene Barata afirmava, porém, que "aqui não há desemprego”"
Todos os brasileiros iriam receber cursos de geriatria (ramo da medicina que evoca o estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas ministrados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional". No entanto nem tudo correu como o previsto:
Cecília Fraga, 42 anos, jornalista, é uma das brasileirasde Maringá que, em Maio de 2006, foi com os dois filhos para Vila de Rei. Hoje, sente-se injustiçada e queixa-se de salários em dívida e de incumprimento das promessas feitas por parte da Presidente da Câmara, Irene Barata, visto que, entre outras coisas, as quatros famílias viram-se obrigadas a residir na mesma casa (15 pessoas)", quando tinha sido prometido alojamento para cada uma delas.
Apesar desta tentativa ter falhado, consideramos importante realçar os aspectos positivos que esta poderia trazer, porque a assimetria Interior/Litoral só vai fazer de Portugal um país desequilibrado.
Sabendo que muitos imigrantes, e não só do Brasil, vêem o nosso país como sendo bastante atractivo, achamos que a dinamização destas regiões pode ser feita desta forma, pelo que consideramos muito importante este tipo de iniciativas.